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domingo, 27 de julho de 2014

Nossa primeira meia maratona juntos


Esta foi difícil, a prova mais complexa, a mais sofrida e a mais emocionante. A semana foi intensa de trabalho, 66 horas trabalhadas, 2 madrugadas trabalhadas, nenhum treino na semana. Para o Vagner, uma tosse intensa que não desiste, dores nos joelhos. Na noite anterior já sabíamos que a prova seria complicada e que seria ótimo se conseguíssemos chegar ao fim. Chegamos!!! Foi incrível e abaixo descrevo meu sentimento a cada km:

Km 1: 5º graus lá fora, foi dada a largada, meu corpo se comunicava com meu cérebro e perguntava: "o que você está fazendo aqui?";
Km 2 e 3: A pergunta continuava, meu corpo não se adaptava, a respiração não encaixava e o sentimento era péssimo, fazia força de enviar mensagens às minhas pernas: "Vamos conseguir!!";
Km 4 e 5: Ficou pior, agora eu tinha certeza, não ia conseguir, meu corpo não aquecia, minha respiração permanecia forte, eu não encontrava um equilíbrio, pensava: "Corri dez semana passada, foi tão melhor, porque hoje está tão ruim";
Km 6: Finalmente, acho que a endorfina foi despertada, meu corpo começa a reagir, começo a me sentir bem e curtir a prova, o Vagner já sente muitas dores nos dois joelhos;
Km 7: Primeiro bom km, corri com vontade e alegria;
Km 8: Voltou a ficar difícil, minha perna não acompanhava meu corpo, no rosto do Vagner somente dor, só pensava que ele tinha que conseguir chegar;
Km 9: Difícil novamente, minha panturrilha começou a doer, pensei "panturrilha? Sério? Nunca senti dor na panturrilha, de onde surgiu esta dor agora?"
Km 10: Só pensava, pq não é uma prova de 10? Porque? Falta tanto ainda.....Mas aí entrou um fator novo, gel de carboidrato, já tínhamos a programação de usar aquele gel nos 10, porém, antes do mesmo fazer efeito, o Vagner pensou em parar pela primeira vez, durou alguns segundos e voltou a correr, baita superação porque a dor era intensa;
Km 11 e 12: O gel fez muito efeito estes foram os km mais tranquilos, ficava focada na corrida, observando o rio, vendo as pessoas e pensando, "o que leva cada uma destas pessoas a estarem aqui?"
Km 13: Mais um km bem curtido;
Km 14: A dor do Vagner começou a intensificar, ele insistia para eu seguir, mas eu decidi que ficaria junto, eu mal tinha forças pra mim, mas tentava dar forças pra ele;
Km 15, 16 e 17: Os piores sem dúvidas, é incrível, o quanto 6 km podem ser tão difíceis, a arte de fazer o corpo seguir quando não faz sentido, uma luta entre o corpo e a mente, em que a mente tem que ganhar, é sempre cabeça, por mais que seja o corpo a doer, a cabeça manda sempre;
Km 18: Falta pouco eu pensava, olhava o Vagner e via a dor em seu rosto, e pensava: "falta tão pouco e ainda é muito", correr devagar começou a acabar comigo, travar minhas pernas, não queria deixá-lo sozinho no final mas se eu não seguisse mais rápido talvez não conseguisse chegar;
Km 19: A lentidão continuava e meu corpo precisava de estímulo, no meio do km, disse ao Vagner que precisava seguir pra terminar, e fui, acelerei, retomei o ritmo mais rápido que podia e fui, logo de saída minha panturrilha começou a fisgar, nunca havia sentido aquilo, meu joelho esquerdo começou a doer e eu pensei: "agora falta pouco, esqueça as dores";
Km 20: Era o km final, quando a prova está por terminar, o último km parece 3 ou 4, nunca acaba, olhava para frente e a linha de chegada parecia tão distante, minhas pernas não iam mais, estava no meu limite, chegando próxima à linha de chegada só conseguia olhar as pessoas ao meu redor e pensar que estava chegando, ai conseguir!! E cheguei!! Fiquei lá esperando o Vagner e torcendo pra vê-lo logo, 4 minutos depois ele chegou!!! Concluímos, a prova mais difícil de nossas vidas, sabe o mais incrível? Mesmo assim, conseguimos baixar nosso tempo da última meia maratona e é isto, exatamente isto, quando as pessoas me perguntam: Por que você corre? Eu respondo: "A corrida é algo tão mágico que não há um simples porque, você precisa correr pra entender, você precisa estar lá, sentir orgulho de si, sentir orgulho das pessoas que estão lá, ver a pessoa que chega em último lugar chegar sorrindo e comemorando, como se fosse a primeira, afinal, pra ela é o primeiro lugar, por que eu corro? Porque eu amo!!!




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